Inicialmente este projeto foi desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular Técnicas de Animação de Grupo dirigida pelo Master Carlos Jorge De Sá Pinto Correia, no decorrer do 2º ano da Licenciatura de Educação Socioprofissional da Escola Superior de Educação Jean Piaget de Arcozelo.
Hodiernamente, o bloguefólio é desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular Metodologias e Técnicas de Educação Gerais e Especiais II.
O blogue é uma página da internet que possui mecanismos simples de forma a que seja possível postar textos, imagens e vídeos. Através do blogue é possível proporcionar uma experiência social na medida em que todos podem discutir ideias e opiniões sobre determinados assuntos sem que estejam no mesmo espaço físico e ao mesmo tempo.
Este mecanismo é uma rede interactiva onde são partilhados conhecimentos de maneira a dinamizar a Educação. O facto de um Educador Socioprofissional utilizar este tipo de ferramenta faz com que o seu currículo enriqueça e o seu curso fique com uma maior visibilidade. Através do bloguefólio o Educador Socioprofissional pode demonstrar os seus trabalhos, as suas experiências , também, adquirir o mesmo (através de outros blogues). Um ponto bastante relevante é o facto de o blogue não conter fronteiras, o que possibilita a comunicação com todos os indivíduos de diferentes locais.
Em síntese, para um Educador Socioprofissional, um weblog, também assim designado, é um portfólio pessoal, embora digital que se caracteriza como um espaço de intercâmbio, colaboração e debate. Deve ser construído gradualmente de maneira a que o Educador consiga relatar as suas experiências mais significativas para que seja possível a reflexão dos que visualizam os assuntos expostos.

Comunicação Interpessoal

Uma das necessidades primárias da vida é a comunicação, sendo esta indispensável à própria sobrevivência. Voyenne (1971), citado por Ferreira & Costa (1996), afirma que o ser humano é um ser social e que para conseguir viver em sociedade necessariamente tem de comunicar, uma vez que esta implica um constante intercâmbio de ideias emoções e vivências. “A comunicação é o mecanismo através do qual existem e desenvolvem as relações humanas” (Cooley, 1909, citado por Santos, 1992, p.9).
A comunicação tem sido definida de várias formas. Theodorson & Theodorson (1969), citados por McQuail & Windahl (1993, p.12) consideram que a comunicação é uma “transmissão de informação, ideias, atitudes ou emoções de uma pessoa ou grupo para outro (outros) essencialmente através de símbolos”. Osgood et al. (1957), citados por McQuail & Windahl (1993 partilham a mesma perspectiva, considerando que existe comunicação, sempre que houver um sistema interactivo com uma fonte, um destinatário e símbolos que podem ser transmitidos através de um canal.
Quando comunicamos damos início a um processo onde são transmitidas ideias, informações, sentimentos ou experiências ao outro, que por sua vez, também conhece o significado do que se diz, pensa ou faz (Ferreira & Costa, 1996).
Comunicar é transmitir um determinado significado através de qualquer meio, independentemente do tipo, seja ele sonoro, visual, gestual ou verbal (Santos, 1992). Como já foi referido anteriormente, o Homem não é um ser isolado e sente a necessidade de comunicar com os que o rodeiam, para isto existem dois tipos de comunicação: a comunicação verbal e a comunicação não – verbal.
A comunicação verbal é aquela que utiliza as palavras faladas e escritas como meio de expressão. A comunicação verbal falada pode ser feita através do diálogo entre duas ou mais pessoas, através das massas (televisão, rádio, teatro, entre outros). A comunicação verbal escrita engloba os livros, revistas, cartazes, jornais, cartas, entre outros (Ferreira & Costa, 1996).
Num processo de interacção, a comunicação entre pessoas não passa somente pelas palavras, podendo ser feita através de gestos, sons, a tonalidade da voz, as expressões faciais, as posturas corporais, entre outros elementos. Todos estes factores portam mensagens e reportam-se para a comunicação não – verbal [Marci & Picard, 198-]. Assim, Ferreira & Costa, 1996, consideram que este tipo de comunicação utiliza como meio de expressão os sinais sonoros ou visuais, gestos, símbolos ou ainda uma linguagem táctil e química. Todos nós utilizamos diariamente, movimentos de mão, acenos de cabeça, expressões faciais, olhares, que reforçam as nossas próprias palavras. Seguindo esta ideia, “o comportamento verbal e o comportamento não – verbal combinam-se na perspectiva de uma comunicação total” [Fey, et al., 1984, citado por Marci & Picard, 198-, p.168].
Esteves (2002) acredita que existe um modo adequado para descrever o acto de comunicação, e, este consiste em responder a algumas questões: “Quem?”, “Diz o que?”, “Através de que canal?” “A quem?” e “Com que efeito”. Seguindo este ponto de vista, a comunicação implica um emissor, um canal, uma mensagem, um destinatário, uma relação entre emissor e receptor, um efeito e um contexto no qual a comunicação ocorre, podendo existir, ou não uma intenção (McQuail & Windahl, 1993).
Num processo de comunicação existe um emissor, que é o sujeito, individual ou colectivo, que envia uma mensagem. A mensagem é um conjunto de informações que o emissor transmite, sob a forma de sinais ou signos, a um receptor. A mensagem deve seguir um determinado código organizado segundo certas regras, conhecidas e aceites pelo emissor e receptor (ser comum a ambos). Quando a mensagem já se encontra elaborada, o emissor terá de escolher um canal (um meio), que lhe permita enviar essa mesma mensagem ao receptor. Sendo assim, o canal, é um intermediário que assegura a passagem da mensagem entre o emissor e receptor. O receptor é, também um sujeito individual ou colectivo, que recebe e compreende o conteúdo da mensagem e descodifica-a, esta descodificação permite ao receptor compreender e interpretar, com base no código, os signos que compõe a mensagem que recebeu (Ferreira & Costa, 1996).
Em muitos casos, pode existir uma retroacção da mensagem, o feedback. O feedback trata-se do processo através do qual o emissor obtém informação sobre o receptor recebeu a mensagem e, se a percebeu (McQuail & Windahl, 1993).
Contudo, para garantir a eficácia da comunicação é necessário que o emissor transmita de uma forma correcta aquilo que pretende. Porém, ao longo do canal, podem aparecer alguns elementos que danificam a eficácia do processo comunicativo. O ruído é uma das barreiras que podemos encontrar. Este fator é considerado uma perturbação que ocorre no processo de comunicação e que não é pretendida pelo receptor, mas que vai afectar a recepção da mensagem e, por sua vez, irá interferir na quantidade e qualidade da informação (Ferreira & Costa, 1996).
Os autores nomeados anteriormente expõem alguns exemplos de interferências que decorrem durante o processo da comunicação:
Ø  No emissor: palavras mal pronunciadas ou pronunciadas num tom de voz demasiado alto ou baixo, perturbações na fala, etc.
Ø  No receptor: distracção, deficiência ou incapacidade visual ou auditiva, etc.
Ø  Na mensagem: construção de frases deficientes (má construção de frases ou utilização de frases confusas, etc.).
Ø  No código: gralhas, utilização de códigos diferentes (sinais ou símbolos trocados, etc.).
Ø  No canal: interferência radiofónica, papel sujo ou manchado, etc.
A escuta desempenha um papel fulcral e activo no processo de comunicação. Sem ela não é possível descodificar e interpretar a mensagem. O indivíduo deve “saber deixar falar”, “colocar-se em empatia com o outro” ; “centrar-se no que é dito”; “manter os canais abertos”; “eliminar qualquer juiz de imediato”; “não interromper o outro”; “não deixar transparecer as emoções pessoais”, “resistir ao efeito halo” (centrar-se no que é transmitido independentemente do que pensa da pessoa que emitiu a informação), “reformular as mensagens” e utilizar as capacidades cerebrais (Dias, 1999, p(s): 15-16).
Na comunicação utiliza-se a redundância. “É usada inconscientemente para garantir que o interlocutor entende mesmo a mensagem” (Pereira, 2004). A redundância é usada na presença de determinados elementos que não acrescentam nada à mensagem, mas que têm um papel essencial na qualidade de informação, clarificando e dando ênfase às ideias transmitidas. Os elementos podem ser de tipo linguístico (exemplo: “eles foram para a praia, e eles sabem bem que eu não quero!”), de tipo gestual (exemplo: “afastar os braços para dizer que o carro é espaçoso”) e do tipo sonoro (exemplo: “dizer que é meia noite quando, à noite, o relógio dá 24 horas”) (Dias, s/d, citado por Ferreira & Costa, 1996).
Contudo, o acto de comunicar não é fácil, porque no discurso que o Homem utiliza, está patente, aquilo que cada um representa. O ser humano é complexo e resulta de vários factores biológicos, que são referentes aos inatos e ao património hereditário (sexo, constituição, hereditariedade e temperamento); factores psicológicos que se caracterizam pelos elementos adquiridos através de influências socioculturais e sócio - afectivas (família, escola, momento histórico, história pessoal e influência do meio) e factores resultantes das experiências que cada um vivência, nomeadamente as experiências dos vários meios e/ou grupos (meio religioso, meio escolar, meio sindical, seio familiar, meio profissional, entre outros). Tudo isto cria a personalidade da pessoa e influência o ato comunicativo (Dias, 1999).
A comunicação é um processo de intercâmbio de informação, e, é através dela, independentemente da forma, que nós estabelecemos uma interação com o outro. Uma vez que o Educador Socioprofissional trabalha em equipa, desempenhando funções cooperativas e colaborativas, necessita de estabelecer um processo comunicativo com o outro, para que haja partilha de informação, de ideias, pensamentos e discussões.
O Educador Socioprofissional diariamente lida com diversas problemáticas, e, por isso ele deve escolher um código percetível a ambos. Deve, também escolher a forma e o meio pelo qual vai transmitir a sua mensagem, pois cada individuo acarreta a sua problemática e a interpretação que ele irá fazer deverá ser bem executada.
Por isso, podemos concluir que a Comunicação Interpessoal é crucial para um Educador Socioprofissional, bem como para todos os indivíduos. É através dela que conseguimos transmitir e receber as informações e interagir com o outro. Sem comunicação o ser humano não conseguiria sobreviver!




Bibliografia:
Dias, J.M. (1999). A Comunicação Pedagógica: Colecção Formar Pedagogicamente. Instituto de Emprego e Formação Profissional
Esteves, J. (2002). Comunicação e Sociedade. Lisboa: Livros Horizontes
Ferreira, S. & Costa, A. (1996). Comunicando. Rio Tinto: Edições ASA
McQuail, D. & Windahl, S. (1993). Modelos de Comunicação. Lisboa: Editorial Notícias
Micard, E. & Picard, I. [198-]. A Interacção Social. Porto: Rés
Pereira, O. (2004). Fundamentos de Comportamento Organizacional. Lisboa: Fundação Caloute Gulbenkain
Santos, J. (1992). O que é Comunicação. Lisboa: Difusão Cultural